Tuesday, March 13, 2007

Cronograma semestre letivo 2007-1

Universidade Federal do Espírito Santo
Departamento de Comunicação Social / Centro de Artes

Disciplina: Teorias da opinião pública
Profa. Ruth Reis

Cronograma semestre letivo 2007-1

UNIDADE I – conceitos e história

Metodologia, aulas preletivas e leitura coletiva do livro Mudança estrutural da esfera pública, de Habermas, Jurgen.

Aula 1)

14/03 – apresentação do programa e cronograma.

Aula 2)

16/03 – Conceitos, contexto e primeiras idéias sobre opinião pública: Rousseau e o contrato social / Kant, o iluminismo e a comunidade dos cidadãos.
Bobbio, Norbeto et al, (orgs), Opinião pública in Dicionário de Política, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1993
Rousseau, Jean Jacques, do pacto social, São Paulo, Editora Nova Cultural, 1999, Os Pensadores
Kant, Immanuel, resposta à pergunta: o que é o iluminismo, in A paz perpétua e outros opúsculos, Lisboa, Edições 70, 1990

Aula 3)

21/03 – Habermas, Jurgen, Mudança estrutural da esfera pública, Rio de Janeiro, tempo Brasileiro, 1984

Introdução/ e estruturas sociais da esfera pública

Aula 4)

23/ 03 - Habermas, Jurgen, Mudança estrutural da esfera pública, Rio de Janeiro, tempo Brasileiro, 1984

Capítulos IV– a esfera pública burguesa, idéia e ideologia - e V - Mudança na estrutura social da esfera pública burguesa

Relatores - Hellen Lemos, Andréia Ruas, Juliana Braga, Aysle Santos, Danyelli Galletti, Monick Ribeiro

Aula 5)

28/03 - Habermas, Jurgen, Mudança estrutural da esfera pública, Rio de Janeiro, tempo Brasileiro, 1984

Capítulo VI - mudança na função política da esfera pública – e VII - para o conceito de opinião pública

Relatores: Tâmara Amanda Fonseca, Juliana Vieira, Glacieri

30/03: Não haverá aula neste dia por motivo de impossibilidade de comparecimento da professora em decorrência de participação em banca de doutoramento na UFRJ

Aula 6)

04/04 - – Tarde, a opinião e as massas
TARDE, Gabriel, A opinião e as massas, São Paulo : Martins Fontes, 1992

Aula 7)

11/04 – Le Bon – As opiniões e as crenças
LE BON, Gustave, As opiniões e as crenças, São Paulo, Ícone, 2002

Aula 8)

13/04 – prova (três questões sobre o conteúdo do primeiro módulo, valendo 3, 3 e 4 pontos, respectivamente)

UNIDADE II - Formação da opinião pública, o campo da comunicação e sua conexão com outros campos sociais.
Esta unidade será desenvolvida por meio de seminário realizados em grupo e debates sobre temas abaixo, a partir de bibliografia sugerida (não é obrigatório utilizá-la) e (necessariamente) de textos de livre proposição dos participantes (avaliação individual e em grupo dos participantes).

Aula 9)

18/04 – Esfera pública e mídia
Seminário – Katilaine, Cíntia, Mykon, Débora

sugestão de leitura:

Rodrigues, Adriano Duarte, Experiência, modernidade e campo dos media - http://www.bocc.ubi.pt/pag/rodrigues-adriano-expcampmedia.pdf


Aula 10)

20/04– Esfera pública e esfera política: a “democracia midiática” a e política

Seminário: Gabriel Vogas, Lucas Albani, Bruno castro, Vinícius Massini, Leandro
sugestão de leitura:

RUBIM, Antônio Albino Canellas. Espetáculo, política e mídia. Texto apresentado no XI Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação realizado de 4 a 7 de junho de 2002.

http://www.unb.br/fac/comunicacaoepolitica/Albino2002.pdf

Aula 11 )

25/04 - Opinião, negócios e consumo: novas estratégias de construção dos desejos
Seminário: Lyvia Cavalcanti, Thaissa Azevedo, Mariana Rodrigues , João Paulo sugestão de leitura:

Klein, Naomi, Marcado mundo novo e a marca se expande in Sem logo, a tirania das marcas em um planeta vendido, 4 ed. Rio de Janeiro, Record, 2004

Aula 12)

27/04 - Informação e opinião no sistema midiático; O problema do controle dos meios de comunicação:
Seminário: Amanda Tito, Mayron, Manuela, Lara, Fernanda e Rodrigo

sugestão de leitura:

Lima, Venicio A. de, Mídia teoria e política, São Paulo, Editora Perseu Abramo, 2004

Aula 13)

02/05– A opinião pública e os meios digitais
Seminário: Amanda Tito, Mayron, Manuela, Lara, Fernanda e Rodrigo

sugestão de leitura:

MARQUES, Francisco Paulo Jamil Almeida, Debates políticos na internet: a perspectiva da conversação civil, Opinião Pública, vol.12, no.1, Campinas, Abr./May 2006, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-62762006000100007&script=sci_arttext&tlng=pt

SÁ, Simone Pereira e ALBUQUERQUE, Afonso, A tragédia dos ursos e outros personagens: obervações sobre a e-política e a globalização, in ", Fausto Neto, Antônio et al (orgs), Práticas midiáticas e espaço público , Porto Alegre : Edipucrs, 2001, também disponível em http://www.unb.br/fac/comunicacaoepolitica/SimoneAfonso2000.pdf

Aula 14

04/05 – o jornalismo na construção da opinião

Bruno Louvatti, Simone (outros alunos que estão em intercâmbio)

sugestão de leitura:

Lopes Rita, O poder dos media na sociedade contemporânea, http://www.labcom.ubi.pt/agoranet/04/lopes-rita-media-e-poder.pdf.

Unidade V – Métodos de aferição da opinião

Aulas 15, 16, 17)

09, 11 e 16/05 – Noções gerais de métodos e processos de aferição da opinião pública: pesquisa quantitativa: amostras, aplicação e interpretação
ALMEIDA, Alberto Carlos, Como são feitas as pesquisas eleitorais, e de opinião, 2 ed, Rio de Janeiro, editora FGV, 2003
MARCONI, Marina de Andrade, Lakatos, Eva Maria, Técnicas de Pesquisa, 5 ed, São Paulo : Atlas, 2002
AUGRAS, Monique, Opinião pública, teoria e pesquisa, 4 ed, Petrópolis-RJ : Vozes

Aulas 18 a 21)

18, 23, 25 e 30/05- Realização de exercícios de pesquisa e apresentação de resultados ao final da disciplina (atividade realizada em grupos, resultando em avaliação das atividades dos grupos – uma nota para todo o grupo)

Aulas 22 a 24

01, 06 e 08/06-; pesquisa qualitativa: métodos para aferição de opinião e análise de resultados

GATTI, Bernardete Angelina, Grupo focal na pesquisa em ciências sociais e humanas, Brasília, Líber livro, 2005

DEMO, Pedro, Pesquisa e informação qualitativa, Campinas, SP, Papirus, 2001

Aulas 25 a 30

13 a 27/06

Realização de exercícios de pesquisa qualitativa e apresentação de resultados ao final da disciplina

Atividade realizada em grupos. Cada grupo será orientado pela professora na construção do problema e definição da estratégia de pesquisa. Serão mantidos os mesmos participantes do exercício anterior e a mesma questão de pesquisa. Avaliação das atividades dos grupos: nota única para todos os componentes do grupo

Tuesday, August 15, 2006

PROGRAMA

Disciplina: Teorias da opinião pública
Código: COS 04839

Carga horária semestral: 60 horas

Créditos: 04Ano/Semestre: 2006/2

Professora: Ruth Reis – ruthreis@oi.com.br

EMENTA: Opinião pública: raízes históricas do conceito. Tipo de comportamento coletivo. Multidão e massa. Conceituação de público e de opinião pública. Natureza, formação e conteúdo da opinião pública. Pesquisa de opinião pública.

OBJETIVOS: - Fornecer referências teóricas sobre o conceito de opinião pública; despertar a compreender os processos de constituição da opinião pública, mediante as correlações existentes entre a formação da opinião pública e o campo da comunicação; oferecer uma noção geral dos métodos de aferição e interpretação da opinião pública, bem como capacitar para a tomada de decisão em relação a pesquisas de opinião.

METODOLOGIA: Os conteúdos serão divididos em três módulos, que serão explorados por meio de aulas expositivas, debates em sala de aula, trabalhos de grupo incluindo apresentação de seminários e palestras com especialistas.

UNIDADE I – conceitos e história - Idéias fundamentais que constituem o conceito de opinião públicaRousseau e o contrato social; Kant e a comunidade de cidadãos; Hegel, a opinião e o saber dialético; Tarde e as massas; Adorno e a indústria cultural; Habermas e a teoria dos atos comunicativos; Negri e as multidões.

UNIDADE II - Formação da opinião pública, o campo da comunicação e sua conexão com outros campos sociaisAs mídias e a constituição da esfera pública; linguagens e agentes do processo de construção da opinião: a força e os rituais do jornalismo e da propaganda; o problema do controle dos meios de comunicação; comunicação e política moderna e contemporânea; opinião e mercado.

UNIDADE III – A aferição da opinião: métodos e agentesMétodos e processos de aferição da opinião pública: noções gerais sobre pesquisa qualitativa, pesquisa quantitativa e métodos de aplicação e interpretação de pesquisas.

AVALIAÇÃO – Prova, elaboração e apresentação de seminários, exercícios.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ADORNO, Theodor, A indústria cultural in Cohn, Gabriel, Comunicação e Indústria cultural, São Paulo, editora Nacional, 1978AUGRAS, Monique, Opinião pública, teoria e pesquisa, 4 ed, Petrópolis-RJ : Vozes
BAVARESCO, Agemir, Fenomenologia da opinião pública, a teoria hegeliana, São Paulo, Edições Loyola, 2003
TARDE, Gabriel, A opinião e as massas, São Paulo : Martins Fontes, 1992Bobbio, Norbeto et al, (orgs), Opinião Pública, in Dicionário de Política, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1993
HARDT, Michel e NEGRI, Antônio, Multidão, Guerra e Democracia na era do Império, Rio de Janeiro : Record, 2005
KANT, Immanuel, Resposta à pergunta: o que é o iluminismo, in A paz perpétua e outros opúsculos, Lisboa, Edições 70, 1990
KLEIN, Naomi, Sem logo, a tirania das marcas em um planeta vendido, 4 ed. Rio de Janeiro, Record, 2004
PINHEIRO, Roberto Meireles et al, Comportamento do Consumidor e pesquisa de mercado, 2 ed, Rio de Janeiro, editora FGV, 2005
MARCONI, Marina de Andrade, Lakatos, Eva Maria, Técnicas de Pesquisa, 5 ed, São Paulo : Atlas, 2002
RODRIGUES, Adriano Duarte, Estratégias de Comunicação, questão comunicacional e formas de sociabilidade, Lisboa : Editorial Presença, 1990
ROUSSEAU, Jean Jacques, Do pacto social, São Paulo, Editora Nova Cultural, 1999, Os Pensadores
THOMPSON, John B., A mídia e a modernidade, uma teoria social da mídia, Petrópolis-RJ : Vozes, 1998
RUBIM, Antônio Albino Canellas. Espetáculo, política e mídia. Texto apresentado no XI Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação realizado de 4 a 7 de junho de 2002
LIMA, Venicio A. de, Mídia teoria e política, São Paulo, Editora Perseu Abramo, 2004
ALMEIDA, Alberto Carlos, Como são feitas as pesquisas eleitorais e de opinião, 2 ed, Rio de Janeiro, editora FGV, 2003
HORKHEIMER, Max e ADORNO, Theodor W., O esclarecimento como mistificação das massas in Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos, Rio de Janeiro : Zahar, 1985.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
HABERMAS, Jürgen, Teoria de la acción comunicativa: complementos estudios prévios, Madrid, Edições Cátedra, 1989
HABERMAS, Jürgen, Teoria de la acción comunicativa: complementos estudios prévios, Madrid, Edições Cátedra, 1989
HORKHEIMER, Max e ADORNO, Theodor W., O esclarecimento como mistificação das massas in Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos, Rio de Janeiro : Zahar, 1985.

LAZARSFELD, Paul F., A opinião pública e a tradição clássica, in STEINBERG, Charles, Meios de Comunicação de Massa, 2 ed, São Paulo : Cultrix, 1972
BRIGS, Asa e BURKE, Peter, Uma história social da mídia, de Gutenberg à internet, Rio de Janeiro, Jorge Zahar editor, 2004.

Wednesday, May 17, 2006

Informação e opinião no sistema midiático; O problema do controle dos meios de comunicação

Aula 12 - 18/05/2006

PROPRIEDADE & DIVERSIDADE
Existe concentração na mídia brasileira? Sim

Venício A. de Lima

Leia também:
Lima, Venicio A. de, Mídia teoria e política, São Paulo, Editora Perseu Abramo, 2004

Sunday, May 14, 2006

Opinião, negócios e consumo: o poder das marcas

Aula 11) 15/05

Texto: Klein, Naomi, Marcado mundo novo e a marca se expande in Sem logo, a tirania das marcas em um planeta vendido, 4 ed. Rio de Janeiro, Record, 2004

Idéia desenvolvida por teóricos da administração nos últimos 80: as corporações de sucesso devem produzir principalmente marcas e não produtos

Estabelece-se a hegemonia da imagem em detrimento da coisa: Produção de coisas x produção de marca

“Produzir coisas é tarefa da economia industrial. É a fábrica, na terra e no subsolo que o poder de compra tem origem”, revista Fortune, 1938, época em que a economia dos EUA não tinha se recuperado ainda da depressão.

Nos anos 80, essa máxima começa a se esfacelar, surgindo um consenso de que as corporações estavam inchadas e superdimensionadas.

Na mesma época, um novo tipo de corporação disputa mercado: as nikes e microsofts, mais recentemente as Tommy Hilfilger e as Intels

Princípio: produzir bens era apenas um aspecto incidental, que poderia ser terceirizado; o importante era produzir imagens, marcas.

Corrida pela ausência de peso.

Fusões agigantam a aparência das companhias, que na verdade encolhem materialmente – caminho para livrar-se do mundo das coisas.

Publicidade
Veículo utilizado para levar esse sentido ao mundo
Parte do plano de branding
Vende produtos
Característica das primeiras campanhas de massa (sec XIX)
Informa aos consumidores sobre a existência de produtos, principalmente os novos, e deseja convencê-los a comprar.
Papel da publicidade muda: de fornecedor de informes sobre o produto para a de construção de uma imagem em torno do produto
Anúncio deveria ser grande, mas não maior do que o produto;
Publicitário vendedor



Marca (Branding)
Sentido essencial da corporação modera
Branding = gestão de marca
Trata da transcendência da corporação
Característica das novas campanhas
Agregam diferenciais a inúmeros produtos parecidos que estão disponíveis no mercado, para angariar adesão do consumidor.
Primeiras marcas são adotadas para produtos, mesmo os velhos (alimentos, p. ex.), que começavam a ser produzidos em massa.
Necessidade da era da máquina e da fábrica
Tarefa do branding: dotar de nome próprio bens genéricos como farinha, açúcar...- ex.: sopa Campbell’s, aveia Quaker
“Rei-filósofo da cultura comercial” (Randall Rothberg, crítico de publicidade)

Final da década de 40, a marca não se resume mais a uma imagem impressa numa etiqueta: toda empresa poderia ter uma identidade de marca. ( GE foi uma das precursoras), com campanhas humanizando seus produtos na tentativa de transformar a empresa em algo pessoal, caloroso e humano.
GE não deveriam ser o nome de uma empresa e sim as iniciais de um amigo.

“Prefiro pensar na publicidade como algo grande, esplêndido, algo que vai fundo em uma instituição e apreende sua alma”. Bruce Barton, publicitário da GE, responsável por transformar a GE em metáfora da família americana.

A busca pela essência da marca distanciou a agência dos produtos e a aproximou da cultura e da vida das pessoas, a partir de um exame psicológico/antropológico.
Premissa: as corporações fabricam produtos, mas o que os consumidores compram é marca.

Capital da marca – no comércio de empresas, a marca agrega valor e produz grandes diferenciais em relação ao seu patrimônio material.

Mais do que simples estratégia, significava investimento em capital puro.

Frenesi de fomento cultural

Novas estratégias publicitárias (CK perfuma entradas de concertos, interurbanos gratuitos interrompidos por publicidade, mês cor de rosa da barbie, rua de bairro inglês pintado de rosa).

Década de 90 - recessão
Crise da marca: sexta feira Malboro – década de 90, quando a Philip Morris anunciou redução do preço do cigarro, devido a pressão dos concorrentes. IBM reduz preços de computadores.
Cresce a linha de marcas de supermercados como Geat Value, do Wal Mart

Reação cultural às marcas: anos 90 deixaram as marcas “frívolas”, tornando-se idiota vestir uma roupa com marca. (David Scotland, diretor de uma companhia de bebidas)

Críticas: no mercado de produtos, a competição é determinada por preços e promoções e tudo pode ser copiado levando a uma eterna diminuição de lucros.

Fase superada e hoje até as águas minerais de grife subiram suas vendas, compradas por consumidores que têm marcas bordadas nas roupas.

Nunca houve a crise das marcas, embora algumas marcas sofreram uma crise.

Corporações passam por reformas de gestão, adotando novas estratégias e léxico: empregados são chamados de parceiros, colaboradores, times, tripulação;
atenção para o design
declarações de missão das corporações
adoção de planejamento estratégico

Os anos 90 evidenciaram duas linhas no consumo:
- as lojas de de pechincha que fornecem os bens essenciais para a vida e monopolizam boa parte do mercado (ex. wal mart)

- as marcas que expressam atitude e fornecem bens essenciais para o estilo estilo de vida e monopolizam cada vez mais o espaço cultural. (ex.: Nike, Starbucks)

Os produtos que florescerão no futuro serão aqueles não apresentados como produtos, mas como conceitos: a marca como experiência e estilo de vida.

“A missão da nike é melhorar a vida das pessoas pela prática de esporta e a forma física” – Philip Knight

Nike Ad

“A Polaroide não é uma câmera, mas um lubrificante social”John Hegarty, publicitário

“O conceito da Diesel é tudo. É o modo de vida é a maneira de vestir, é o jeito de fazer alguma coisa”, renzo Rosso, prorietário da Diesel Jeans


No ambiente on line as marcas mais puras estão sendo construídas, liberadas do fardo das lojas e da fabricação.

Produzir produtos tende a se tornar tarefa do terceiro mundo, onde a mão de obra é farta e barata.






Wednesday, May 10, 2006

Esfera pública e esfera política: democracia midiática e política

Aula 10 - 11/05/06
Os textos estão linkados aí ao lado

Wednesday, April 19, 2006

Negri e Hardt e a multidão global



Esquema da aula 7


Projeto político
Elaborar formulação conceitual que permita pensar na luta pela democracia na contemporaneidade, identificando o projeto que se desenvolve e os sujeitos políticos nele envolvidos e a ordem econômica, social e política em desenvolvimento.

Império - Princípio da totalidade.
O capitalismo hoje se coloca como um sistema totalizante, inexistindo alternativas visíveis que possam ser consideradas potencialmente pujantes.
Não existe um fora do capitalismo. apenas um sistema total que envolve todas as populações.

Estado de guerra global
O momento permite verificar a existência de um estado de guerra global, que difere da guerra vigente no estado moderno, em que a primazia de produzi-la é dos estados com seus exércitos.

Hoje a guerra é permanente, pipoca em diversos pontos do planeta e não pode mais ser considerada guerra entre nações, mas guerras civis, uma vez que localizam dentro de um único universo de poder – o império


Multidão:

Composta de um conjunto de singularidades
Sujeito social cuja diferença não pode ser reduzida à uniformidade
Mantém-se múltipla, mas não é fragmentada, anárquica ou incoerente.
É internamente diferente e múltiplo, cuja constituição e ação não se baseiam na identidade ou na unidade (nem muito menos na indiferença), mas naquilo que tem em comum.
Potencialmente formada de todos os que trabalham sob domínio do capital e que recusam este domínio

Multidão diferente de povo, de classe social, de população, de turba, de massas.

População= conjunto de indivíduos e classes diferentes

Turba= indivíduos incoerentes que não identificam elementos compartilhados em comum, sua coleção de diferenças mantém-se inerte e pode facilmente parecer um agregado indiferente.

Componentes das massas e das turbas não são singularidades, o que fica evidente pelo fato de que suas diferenças tão facilmente se esvaem na indiferença do todo.

Povo é uno. Sintetiza e reduz diferenças sociais a uma identidade. As partes componentes de povo são indiferentes em sua unidade

Tradicionalmente é o povo quem governa como poder soberano e não a multidão.
Pq só o que é uno pode governar – seja o monarca, o partido, o povo ou indivíduo

Metáfora = corpo humano. = Forma-se um corpo político dotado de uma cabeça que governa, membros que obedecem e órgãos que auxiliam e dão sustentação ao governante.

Conceito de multidão desafia esta metáfora, pq é carne viva que governa a si mesma.

Multidão é o único sujeito social capaz de realizar a democracia – governo de todos por todos

Projeto de Negri e Hardt: retomar o projeto político da luta de classes de Marx

Classe – conceito político – coletividade que luta em comum

Conceito que difere do de classe operária vigente nos séculos XIX e XX, entendida como trabalhadores industriais
Hoje considera todos os que trabalham, pq todas as formas de trabalho são produtivas socialmente

Forma hegemônica hoje é o trabalho imaterial = o que cria produção imaterial como o conhecimento, a informação, a comunicação (trabalho no setor de serviços, trabalho intelectual ou trabalho cognitivo)

Trabalho imaterial – duas formas
a) Intelectual ou lingüístico (produz idéias, símbolos, códigos, textos, formas lingüísticas, imagens e outros;
b) Afetivo – Manipula afetos como a sensação de bem-estar, tranqüilidade satisfação, excitação ou paixão.

Se antes era preciso industrializar, hoje é preciso informatizar, tornar-se inteligente, comunicativo e afetivo
Fordismo – pós-fordismo

Relações de trabalho são:
Flexíveis - trabalhadores devem se adaptar a diferentes tarefas
Móveis – Mudam de emprego constantemente
Precários – nenhum contrato assegura emprego estável de longo prazo

Multidão – carne social, carne que não é um corpo, mas é substância viva cheia de potencial (para muitos é monstruosidade – não são povos, nações ou comunidades, mas o caos que resulta do colapso da ordem social moderna)
“Precisamos encontrar meios de realizar esse monstruoso poder da carne da multidão de formar uma nova sociedade”

Produção do comum
Comum – aquilo que compartilhamos e serve de base para a produção futura, nhuma relação expansiva em espiral.
Exemplo: comunicação – linguagens, símbolos, idéias e relações que produzem novas linguagens, símbolos, idéias e relações

Hábitos – cria natureza que serve de base para a vida. – são nossa “natureza social” (exige revisão no conceito de subjetividade).

O motor da produção e da renovação encontram-se entre o individual e o social, na comunicação e na colaboração, na ação em comum.

Substituição de hábito por representação (performance)


Além do privado e do Público
Propõe uma teoria que chama de pós-liberal e pós-socialista, que englobe uma concepção de privacidade que expresse a singularidade da subjetividades sociais (não a propriedade privada) e a concepção do público baseada no comum (não o controle do Estado)

Exemplo de teoria jurídica contemporânea: escola da “teoria dos pós-sistemas”, que articula o sistema jurídico como uma rede auto organizada, transparente democrática de subsistemas plurais, cada uma dos quais organiza as normas de numerosos regimes privados – singulares.
Trata-se do direito de singularidades produzidos de forma performativa

Como as singularidades que cooperam expressam seu controle sobre o comum?

No moderno o estado controlava serviços essenciais de uso comum
No neoliberalismo eles são entregues às regulagens do mercado

No projeto de soberania da multidão, deve-se estabelecer o interesse comum, não gerido pela burocracia ou pelo mercado, mas democraticamente pela multidão.

Passagem da res publica para a res communis

Opinião pública

Na história da filosofia política moderna, a opinião pública é concebida como uma forma de mediação entre as muitas expressões individuais ou de grupo e a unidade social.

expressão da razão individual unificadas x manipulação social da massa

Desde o século XX tem sido transformada pela gigantesca expansão dos meios de comunicação de modo que nenhuma das pesquisas e pensamento teóricos de mediação dão conta do papel dos meios de comunicação e das pesquisas de opinião.

Propõe concepção da escola de Birminghan (Estudos culturais) que destaca o papel de resistência dos que recebem a ação dos meios de comunicação. Com isso se cria no interior da cultura dominante não apenas subculturas alternativas, mas redes coletivas de expressão.

Opinião pública não é expressão adequada para estas redes alternativas de expressão nascidas da resistência. (redes da multidão)

Opinião pública não é representação ou sequer substituto técnico de uma representação.
É campo de conflito definido por relações de poder nas quais podemos e devemos intervir at6ravés da comunicação, da produção cultural e de todas as outras formas de produção biopolítica.


Como estabelecer o comum?

Premissa: a democracia (“devemos reconhecer que democracia não é uma exigência absurda ou inatingível)
A vasta maioria de nossas interações políticas, econômicas, afetivas, lingüísticas e produtivas baseia-se sempre em relações democráticas. Embora pareçam espontâneas ou fixadas pela tradição, são na realidade processos civis de troca, comunicação e cooperação democráticas que desenvolvemos e transformamos diariamente.

Entrevista de Toni Negri à Rets, 2005

Sunday, April 09, 2006

Habermas, A mudança da esfera pública e a teoria dos atos comunicativos



Habermas, A mudança da esfera pública e a teoria dos atos comunicativos

Esquema aula 8
10-03-2006

Obras importantes sobre o tema:
Mudança Estrutural da Esfera Pública (1961)
Teoria da ação comunicativa (1981)

-critica o positivismo e a razão instrumental do capitalismo avançado
-busca novo entendimento da racionalidade que se materializa através da razão comunicativa

Ação comunicativa: Interação social em que os diversos atores são coordenados pela troca de atos comunicativos, fazendo para isso, uma utilização da linguagem orientada para o entendimento.

Das relações intersubjetivas se pode obter a universalização dos interesses num a discussão

A racionalidade torna-se fonte inspiradora das ações humanas, visando à emancipação do homem e um maior entendimento do mundo.

Linguagem é o destaque da sua teoria

Linguagem= tudo o que nos eleva acima da natureza; toda forma de comunicação

Paradigma da consciência ou do sujeito
Predomínio da relação sujeito-objeto

Conhecimento obtido pela racionalidade centrada no sujeito
Baseado em ações cognitivo-instrumental
Pensador solitário que conhece o mundo
Visando à operação lógica do conhecimento

Conhecimento de objetos e usa dominação
Reflexão sobre conhecimento e moralidade

Racionalidade unilateral e abstrata
Regras e normas que dominam e controlam
Razão instrumental


Paradigma da linguagem e da comunicação
Predomínio da relação sujeito-sujeito
Conhecimento obtido pela racionalidade centrada na comunicação
Baseado em ações comunicativas
Sujeito dialógico (intersubjetivo)
Visando ao entendimento entre os sujeitos

Predomínio da liberdade de expressão
Discurso mediado por saber falível
Atitude de reciprocidade
Promove um saber histórico dialético e contextualizado
Razão comunicativa


Fase 1- Mudança Estrutural da Esfera Pública (Habermas, 1984b, original, 1961), defende a tese de que a esfera pública no mundo burguês assume funções de propaganda, esvaziando-se de seus conteúdos políticos.

Fase 2 – Teoria da ação comunicativa (1981) Habermas revisa sua teoria sobre esfera pública
Agora é representativa de uma teia para a comunicação de conteúdos e tomadas de posição, de opiniões, que passam por um sistema de filtros, levando à cristalização em torno de alguns temas de uma opinião pública, operando sobre o entendimento genérico que se dá no nível da linguagem da práxis cotidiana.
Esta opinião pública não é a simples soma de opiniões individuais e, sim, opiniões constituídas através dos consensos alcançados por possibilidades reais de discussão de temas públicos


Mundo do sistema
Modos de produção e reprodução artificial

Estado/economia
Poder/dinheiro
Conhecimento voltado a interesses
Relação a fins
Ação instrumental ou estratégica – s-o
Êxito – domínio

mundo da vida
Modos de produção e reprodução simbólica
Experiência comunicativa intersubjetiva família, associações
Cultura, linguagem, verdades falíveis
Conhecimento tácito
Relação a meios e fins (sejam normas, fatos vivências)
Ação comunicativa s-s
Entendimento, liberdade, autonomia reflexiva

De onde então deve emergir esta “força” para introduzir na esfera pública da sociedade novas demandas?
Da sociedade civil; núcleo institucional é formado por associações e organizações livres, não estatais e não econômicas, as quais ancoram as estruturas de comunicação da esfera pública nos componentes sociais do mundo da vida.
O núcleo da sociedade civil forma uma espécie de associação que institucionaliza os discursos capazes de solucionar problemas, transformando-os em questões de interesse geral no quadro das esferas públicas.


Razão e racionalidade

Razão conceito amplo que enfatiza importância da linguagem

Racionalidade: uso da razão comunicativa – disposição por parte do falante e atuante de adquirir e utilizar um sabe falível a partir de condições de

Comunicação é mediada por atos de fala que dizem respeito a três mundos, correspondentes da ações diversas com validades diferentes:

Mundo objetivo das coisas
ação: as pessoas interagem num mundo objetivo, conhecido e partilhado

validade: Verdade das afirmações feitas pelos participantes do processo comunicativo

Mundo social das normas e instituições
Ação: as pessoas orientam-se segundo normas sociais já existentes previamente ou produzidas durante a interação que difne expectativas recíprocas de comportamento
Validade:
Correção e adequação às normas

Mundo subjetivo
Ação: as pessoas revelam algo de suas vivências, intenções, necessidades, temores, deixando transparecer sua interioridade.
Validade:Sinceridade na exposição dos sentimentos

Leia mais - eureka
Maristela Heidemann Iarozinski


As massas e a indústria cultural: mediações e críticas


As massas e a indústria cultural : mediações e críticas

Esquema aula 5 e 7 - 30/03 e 6/04


Indústria cultural

Precedentes:

Século XVIII – iluminismo – emergência da razão e das razões do mercado – separação sociedade civil (privado) e estado (público); constituição de esfera pública centrada como reguladora do poder estatal.

Século XIX – Desenvolvimento e amadurecimento do capitalismo, aumento da urbanização, assalariamento, constituição das massas;
crítica ao projeto iluminista, denúncia de que esclarecimento almejado pela burguesia com sua esfera pública estava revestido de contradições que o sabotavam e denunciavam seu caráter manipulador
Freud, Nietzche, Marx

Século XX – sociedade de massa, industrialização, técnica, guerras mundiais, fascismo, falência do discurso iluminista da razão esclarecida.



Massa:

Blumer, Herbert, A massa, o público e a opinião pública in Cohn, Gabriel, Comunicação e Indústria cultural, São Paulo, editora Nacional, 1978

(texto original publicado em 1946)

Grupo coletivo elementar e espontâneo, em muitos aspectos semelhantes à mutlidão, e diferentes em outros.

E representada por aqueles que participam de um comportamento único, sem estarem juntos.
- São anônimos originários de quais profissões, classes, vinculações culturais e níveis de renda, em existe pouca interação.
- Formada por indivíduos oriundos de formações culturais diferentes, mas estas não influem sobre o objeto de interesse.
- Indivíduos desvinculados e alienados; que não se comunicam uns com outros, exceto de forma limitada e imperfeita.
- Por sua situação de isolamento em relação aos demais induvíduos, tem possibilidade desenvolver sua autoconsciência e em lugar de agir em resposta ao estímulo de outros , reage em relação ao seu objeto de interesse imediato.

Origens das massas: migrações e distanciamentos de ambientes e culturas locais, jornais, filmes, rádio, educação

Comportamento pode ser de indiferença, mas também de ação, formando grandes movimentos motivados muitas vezes por simpatias ou aversões primitivas. Ex.: corrida pelo ouro, ocupações urbanas, etc



Indústria Cultural

Adorno, Theodor, A indústria cultural in Cohn, Gabriel, Comunicação e Indústria cultural, São Paulo, editora Nacional, 1978


Expressão cunhada por Theodor Adorno e Max Horkheimer

Indústria cultural diferente de cultura de massa

Dedica-se à produção de bens simbólicos (produtos) destinados ao consumo de massa.

Indústria = padronização +racionalidade técnica da distribuição + divisão do trabalho + compromisso com a circulação do capital, em especial o comércio

Técnica da indústria cultural diz respeito à distribuição e reprodução mecânica, permanecendo assim externa ao seu objeto.

Suas várias unidades formam um sistema que produzem de acordo com as regras do mercado capitalista, graças às técnicas atuais e à concentração econômica.

Força a união da arte superior e da arte inferior em prejuízo das duas. A 1 perde em estilo e qualidade e a segunda sofre uma domesticação que altera vsua natureza rude e resistente..

Consumidor não é o sujeito, mas o objeto da indústria cultural.

Mass media é termo inofensivo

As massas não são a medida, mas a ideologia da industria cultural.

As mercadorias da indústria cultural se orientam segundo o princípio da sua comercialização e não segundo o seu conteúdo e a sua figuração adequada.

A cultura torna-se esclerosada.

Produtos difundem futilidades e conformismo.

Para defensores indústria cultural fornece critérios para orientação dos homens num mundo pretensamente caótico (Guia dos perplexos). Para Adorno não são idéias relacionadas ao status-quo, que são aceitas passivamente.

Conformismo substitui a consciência, adultos são tratados como crianças.

Objetivo último da IC: dependência e servidão do homem.
Efeito de conjunto da IC: anti-iluminismo, engodo das massas, pois impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente.




Tarde, a multidão e as massas


Esquema aulas 3 e 4 - 23 e 27/03

Tarde, Gabriel, A opinião e as massas, São Paulo : Martins Fontes, 1992
(obra publicada no início do século XX)

Gabriel Tarde (1843-1904)


Multidão – público

Agregados sociais o que está mais próximo de público é multidão.

Não há palavra em latim ou grego que denote público (polis ou civita)

Francês- foule

Características/ diferenças:

Multidão- Feixe de contágios psíquicos produzidos por contato físico, Influência dos incitadores; Características: irracionalidade, imitação, credulidade, covardia e crueldade

Público- Proximidade física é dispensada e substituída pela mediação (imprensa).
Vínculo- simultaneidade de sua convicção ou de sua paixão: compartilhamento
Leitor não tem consciência da influência persuasiva
Curiosidade se aguça por ser a informação compartilhada
Atualidade/simultaneidade - Jornal velho não atrai: não há compartilhamento
Grande influência do "publicista" (aquele que se dirige ao público por meio da imprensa)


Classificação/ tipologia comum - (multidão público)
Crentes e desejosas
Apaixonados e despóticos
Intolerantes, orgulhosos, presunçosos, delinqüentes, odiendos


Crimes
Multidão - Linchamentos, destruições; Imputação dos crimes: aos incitadores
público - Eleição de corruptos; Imputação: do público aos publicistas



Opinião e conversação

Sempre existiu opinião pública, sem existir público,

Questões que suscita:

O que vem a ser opinião?
Opinião=Conjunto de juízos


diferente de Vontade geral= conjunto de desejos

Como ela surge?
Descende da tradição e da razão
Tradição= herança cultural
Razão=entendida como uma forma de pensar diferente da popular com um intuito resistente à forma de pensar popular e dirigente.

Tradição - razão – opinião = são três ramos do espírito que se desenvolvem, sendo a razão o último, que se nutre dos outros dois.

Tradição
razão
Opinião
Operadores: família, aprendizagem profissional e ensino escolar
Operadores: círculos judiciários, filosóficos e científicos
Operadores: Publicistas
é nacional, mas confinada a limites fixos, mas mais profunda e estável do que a opinião

Opinião é leve como o vento e da mesma forma expansiva sempre procurando tornar-se internacional


é tanto mais forte quanto fraca for a tradição, não ocorrendo o mesmo com a razão – ex. período medieval, marcado por predominância da razão e da tradição sobre a opinião


opinião recusa-se a servir de instrumento de união entre as duas: adere a modismos ou ao tradicional.


Definição de opinião:

grupo momentâneo e mais ou menos lógico de juízos, os quais respondendo a problemas atualmente colocados, acham-se reproduzidos me numerosos exemplares em pessoas do mesmo país, da mesma época e da mesma sociedade.


A transformação da opinião individual se deve à palavra pública. (verbal da antiguidade e na idade média) escrita –imprensa na modernidade.


Expansão e consolidação: Correio, Estradas,
Exércitos , Corte constituída como centro da monarquia

Qual das duas rivais é mais prejudicada pela opinião?

O melhor seria a razão de hoje tornar-se a opinião de amanhã e a tradição de depois de amanhã.

Como ela se exprime ao crescer e exprimindo-se cresce sufrágio universal e o jornalismo (que são suas formas de expressão)
Imprensa - fonte de conversação
Iniciam como com circulação local
Exprimem mexericos, discussões e discursos.
Ganham espaço, modelam e unificam as discussões do público, mesmo dos que não lêem jornal.

Circulação se amplia e fortalece as nações ao mesmo tempo em que as nações se concentram na esfera de um idioma comum (força da palavra)

Desemboca no sufrágio universal (cada cabeça vale um voto e todos têm a mesma importância)
Fortalece o parlamento e reduz a importância do rei

Conversação

Conceito: diálogo sem utilidade direta e imediata, conversas amorosas, flertes mundanos

A conversação exige estado de atenção intenso comparável ao dos duelos.

derivação
Conversação obrigatória- Rituais, solenes, Conversa/presente ao suserano/imposto, Cumprimento unilateral
Conversação facultativa- entre amigos e iguais

Condições materiais da conversação diferem: sociedade agrícolas faz progredir a conversação, proximidade, forma de organização do trabalho

Causas políticas: democracia x ditadura

Condições de realização: proximidade, posições...


Imprensa descende da conversação obrigatória.

Canto – fala- monólogo- diálogo (do unilateral ao recíproco) surgimento da autoridade a partir do domínio da competência diferenciada da fala.


A fala como imitação
Conversadores falam do que os superiores lhes dizem. Arte da conversação é o amadurecimento do espírito.

Leia mais sobre a obra de Tarde

Hegel, a opinião e o saber dialético


Hegel, a opinião e o saber dialético

Esquema Aula 2

Texto base:
Bavaresco, Agemir, Fenomenologia da opinião pública, a teoria hegeliana, São Paulo, Edições Loyola, 2003


Sistema filosófico de Hegel


Sistema idealista baseado em universais – conceitos puros = razão


Tese antítese síntese
Afirmação negação negação da negação

Ser em seu devir

Síntese = cessa a contradição mas não a anula, pois continua a prosperar como na nova tese

Natureza idéia espírito

Espírito (síntese entre natureza e idéia) se subdivide em:

Espírito Subjetivo (ser em si) ---- desejo, emoção, percepção, inteligência, memória
Tese

Espírito Objetivo : moral, direito, história, política, todas as instituições humanas, Estado
Antítese

Espírito Absoluto: ES conciliado com EO; sujeito objetivado, objeto subjetivado (concordância)

Nesta passagem há um ganho crescente em liberdade

História da constituição do público e da opinião pública se sucedem pois as civilizações correspondem ao espírito absoluto em seu devir.

Experiência individual e experiência histórica seguem estas fases

Hegel associa o desenvolvimento da esfera pública historicamente com o processo de desenvolvimento do espírito absoluto em sua busca pela liberdade.

1- faraós eram livre
2- oligarquias eram livres
3- o povo em busca da liberdade.

Público privado

Espaço da liberdade Espaço da necessidade
cidade Rua
praça Família
cidadão nascimento
comum morte
visibilidade obscuridade

ágora
senhor feudal (público/privado)
cortesão
gentle man
Homem honesto

O pensamento de Hegel tem como parâmetros a experiência
Grega – espírito subjetivo (vida ética imediata)
Romana – espírito objetivo (sistema jurídico)
Burguesa (França) –- estágio superior (conciliação público/privado

Objetivação da esfera pública burguesa
Esfera pública literária - construção de um público crítico que produzia sua opinião
por meio do debate – esfera não propriamente burguesa, mas é uma continuidade e um deslocamento do sistema anterior
Arte
Literatura
Mecenas (igreja/nobreza)- mercado
Salões / cafés
Sociedade secretas (Alemanha)
Jornais – semanários morais

Esfera pública política- Evolução da esfera pública literária que passa a debater os temas próprios da política


Diálogo com Kant e contra Kant

1- Princípio da publicidade
Para Kant as pessoas privadas usavam publicamente sua razão contra o poder absolutista e concebe a opinião pública como a vontade de racionalizar a política em nome da moral e emancipar a humanidade do seu estado de menoridade

Todo homem é chamado a ser um publicista

Kant defende que o consenso público é a medida da verdade – a crença submetida à razão do outro se considerada válida.

Pensa como os liberais: a sociedade civil como esfera de opinião

Hegel

O público não é simplesmente a soma das noções privadas
A opinião pública acontece numa esfera em que o homem é alienado de sua subjetividade por meio da cultura
A sociedade civil de Hegel envolve também as relações econômicas, as relações de dominação, as diferentes oportunidade de acesso à opinião
Hegel identifica conflitos na sociedade civil, no sistema de troca, no nascimento do capitalismo.


.........................
Fenomenologia da opinião pública

Opinião pública é uma contradição imediata entre o sujeito que opina e o mundo já dado antes dele. A certeza sensível da existência do público como um objeto externo sobrepuja a consciência individual.

Espírito público= ética, a cultura e a moral

Processo de percepção

1- Consciência – a que sabe de sua existência e experimenta o que existe fora
Consciência sensível – enquadra o objeto exterior no tempo e no espaço

2- compreensão do eu imediato

3- Certeza sensível – organiza a totalidade eu-objeto.

Há uma percepção contraditória da coisa pública
Pois a percepção transforma o que a consciência sensível indicou em coisa, entendida esta como elemento composto de contradições.

A consciência sensível sabe que existe a categoria da opinião apenas, enquanto que a percepção apreende como ela se organiza, quais os elementos que a configuram( os intelectuais, os cafés, os salões, etc)

Na experiência da consciência sensível o ato de opinar balança sempre de um lado para outro entre sujeito e objeto/ privado/público

O processo da autoconsciência = Eu =Eu
- concebe o objeto como seu. Interioriza o mundo e é absorvido por ele.

Autoconsciência desejante:
Desejo=tendência para o objeto
Incompletude do sujeito

Reconhecimento:
Eu + Eu
Processo de combate pois a autoconsciência deve ao mesmo tempo sublimar sua imediação e reconhecer o outro

Para que essa operação ocorra é necessário que se realize a liberdade, ou seja a identidade de si com o outro.
Eu sou livre quando o outro também é livre.

Metáfora do senhor e do escravo;
O combate deste reconhecimento é o fenômeno do surgimento da vida em comum dos homens, ou seja da vida pública. E o começo dos estados.

Nesta relação escravo senhor, o escravo é que alcança o estado de liberdade, ao renunciar ao estado natural para entregar à vontade do senhor

Renuncia ao reconhecimento público para optar pela vida.
Eleva-se acima de sua singularidade privada.

Na formação de cada um há um momento necessário que a sublimação da vontade privada., a negação do egoísmo através do hábito à obediência ao interesses públicos.
Liberdade pública.

Privado público
Diferenças Entre o espaço público e o privado caracterizam a transição para a era moderna envolvendo uma série de interesses econômicos, políticos, sociais
Privado
público
Relações entre indivíduos
Autoridade e coação
Livre iniciativa individual
Direção e gestão da coletividade




Monopólio público da força contribuiu para a eliminação dela nas relações privadas (sociais) e o reconhecimento de uma zona de autonomia dos indivíduos.

Passar do privado para o público exige o cumprimento de rituais de investidura


Oposições dialéticas
Interpenetração dos sistemas de valores, dispositivos das leis e interesses.

Da confrontação de todos os interesses privados sai o interesse público.
A esfera pública burguesa desenvolveu-se no interior das tensões que opunham Estado e sociedade e ao longo desta evolução permaneceu parte integrante do domínio privado.

Privado no período feudal – mantinha reunidos o processo de reprodução social e o poder político

Formação dos estados nacionais (ex. Itália) concentra o pode público acima da sociedade e esta se torna um domínio do privado.
A partir do século XIX – intervenção estatal provoca a interpenetração do domínio público no privado. (conflito de interesses traduzidos em conflitos políticos).

Esfera social – pertencem a ela as associações os partidos políticos, hoje outros – setores da sociedade civil que assumem o papel do estado e vice-versa

Essa relação dialética mostra a fluidez das relações sociais e políticas onde se joga toda a construção da opinião pública.
Isso permite concluir que a opinião pública não é uma realidade dada /adquirida, mas um fenômeno continuamente redefinido ao longo da evolução social, política e comunicativa.

autoconsciência pública

saber-se reconhecido livre pelo outro.
O sujeito torna-se público quando sabe que a objetividade que se lhe opõe é igual à sua subjetividade

Autoconsciência então aparece sob a forma de substâncias espirituais como a família, a pátria e o estado. Sob a forma de substâncias espirituais aparecem também as virtudes do amor, da amizade, da honra, da bravura, da glória.

Estes sentimentos se assentam numa unidade “especulativa” entre um e outro, ambos se reconhecendo como participantes do público, portadores da mesma essência.

Autoconsciência é individual e pública. E a consciência da existência desta unidade leva a se forjar uma universalidade.

Razão pública/ espírito público

A razão pública se consubstancia na vida ética
A razão pública é a unidade entre a subjetividade do conceito e a objetividade ética

Consciência individual (certeza dela mesma e de seu mundo público como ato de opinar) + autoconsciência ( certeza que se torna verdade no afrontamento público privado) = razão

Razão= certeza e verdade da autoconsciência sublimadas
Ação individual tornada pública
Indivíduo (totalidade que integra o movimento universal dos seus dons com sua ação individual) se vê integrado e inserido numa grande rede pública.

Operação dialética: 1 consciência imediata pública x autoconsciência imediata em contradição com autoconsciência pública = consciência tornando razão universal pública.

Esta consciência faz a experiência objetiva
Privado público
Grécia
Público

Lei humana / mundo político
Povo, hábitos da cidade, governo, homem, guerra

Lei divina/ mundo privado
Família, culto aos mortos e mulher


Opinião é reservada ao homem que participa da esfera pública – eles está diluído na substância ética ou na cidade


Leia também "Para ler Hegel" (Nóbrega) no link: http://www.odialetico.hpg.ig.com.br/filosofia/hegel.htm

Conceitos, contexto e primeiras idéias sobre opinião pública; a redescoberta da Grécia clássica



Conceitos, contexto e primeiras idéias sobre opinião pública

Esquema aula 1 - 16/03


Rousseau e o contrato social / Kant, o iluminismo e a comunidade dos cidadãos.
Bobbio, Norbeto et al, (orgs), Opinião pública in Dicionário de Política, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1993
Rousseau, Jean Jacques, Do pacto social, São Paulo, Editora Nova Cultural, 1999, Os Pensadores
Kant, Immanuel, resposta à pergunta: o que é o iluminismo, in A paz perpétua e outros opúsculos, Lisboa, Edições 70, 1990
Brigs, Asa e Burke, Peter, A mídia e a esfera pública no início da Europa moderna in uma história social da mídia, de Gutenberg à internet, Rio de Janeiro, Jorge Zahar editor, 2004.


Opinião pública

Conceito

Por formação não é privada e nasce do debate público
Por objeto a coisa pública

Expressa juízos de valor e não juízos de fato
Expressa atitude racional, crítica e bem informada

Público/político:
Pertence ao universo da política (polis)

Opinião pública é diferente de verdade
Opinião = doxa
Verdade = episteme
(visão platônica)

Historicamente é um fenômeno da época moderna
Sociedade civil diferente de estado

Coincide com a constituição do estado moderno que passa a ter o monopólio do poder e da força.

Cidadãos abdicam do uso da força, mas mantém o poder de julgar.
_____


Rousseau: (segunda metade do século XVIII – 1712-1778)
Contrato social = renúncia à natureza violenta

Juntar forças para adquirir uma força maior que opera em concerto
Contrato é tácito

Pessoa pública
Eu coletivo

Cada um coloca-se sob a direção suprema da vontade

Cria-se uma consciência coletiva e uma vontade geral indestrutível

Antigamente recebia o nome de cidade (polis)
E hoje o de república ou de corpo político que é chamado por seus integrantes de Estado
os associados a este contrato recebem o nome de povo quando participam da autoridade soberana e súditos quando submetidos à lei.

Para Rousseau a vontade geral é indestrutível e a liberdade é fundamento deste contrato. Liberdade institucional, submetida a uma ordem moral, pois a liberdade natural foi abandonada quando do ingresso na sociedade.

Kant (1724 a 1804)
Leitor de Rousseau

Iluminismo
Afirma que se encontra na idade do esclarecimento, mas que não se pode assegurar que se esteja no iluminismo

Iluminismo = Saída da menoridade

Atribui à falta de coragem e à preguiça (subjetivos) e à existência de tutores das grandes massas (causa instucional).

Não menciona o termo opinião pública, mas advoga o direito e necessidade de se estabelecer o princípio do uso público da razão para que se possa viver numa sociedade esclarecida

Escreve este texto pouco antes da revolução francesa (1789), e comenta que não acredita na revolução como fornecedora do esclarecimento. Derruba o governo, mas não muda o modo de pensar.

Ilustração exige liberdade

Uso público da razão – relaciona ao debate público sem que se adote uma atitude de recusa imediata às normas, mas que por meio do esclarecimento a sociedade se conduza num processo de mudança

Identifica a existência de uma esfera formadora de opinião e menciona a igreja como determinante das vontades e da tutela do povo.


Publicidade
Liberdade de imprensa
Parlamento

Liberalismo:
Premissas: estado democrático, liberdade de expressão, primado da lei e livre concorrência.

Hegel:
Critica a opinião pública por refletir apenas um saber ordinário, apenas dos fenômenos, conjunto de modos de ver subjetivos, sem rigor científico.

Marx emendou que a ideologia e a falsa consciência mascaram interesses de uma classe que predomina no estado burguês.
Preconiza a desaparição da esfera privada e a fusão do homem com o cidadão.

Outros pensadores discutem a verdade da opinião pública e sua eficácia na constituição de uma sociedade autodeterminada

Opinião pública aparece depois como intermediária entre o parlamento

O século XX é o mais problemático para a idéia de constituição de uma opinião sustentada pela argumentação racional em virtude do agigantamento dos meios de comunicação.
O conceito de massa e de indústria cultural se faz presente de forma intensa.
Colocando em dúvida a visão kantiana do uso público da razão / diálogo do iluminista com sue público.


leia mais sobre o conceito de opinião pública e seu percurso